terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Exercicios de paciência


Viver na França não é tarefa facil. Ja disse aqui mil vezes que Paris é linda, outros lugares que visitei no pais também são, ja falei da rica arquitetura, da importante historia, da comida... tudo isso é legal, mas viver aqui é estar em constante adaptação e em treinamento de paciência continuo. Falo isso - em parte - porque cheguei ha pouco tempo, não estou "integrada" ainda e a lingua também é uma barreira à transpor - isso tudo dificulta o dia a dia - mas em parte porque é a verdade mesmo.
Para aqueles que tem vontade de vir pra ca, iniciações em ioga, meditação e outros procedimentos zen seriam de grande valia, pois essas coisas ajudam o individuo a levar as coisas de modo mais tranquilo e... paciente.
Então, provando minha teoria, seguem alguns exemplos de acontecimentos que demandaram paciência por aqui:

- fui fazer um ultrassom 3D para ver meu bebe, no meio da sessão perguntei ao médico: em que posição meu bebe està, dentro da minha barriga? Queria saber se ela estava atravessada, de cabeça pra baixo, etc... A resposta foi: "essa informação não posso dar". Eu perguntei: "por que?" E ele: "porque no pacote q vc comprou, não incluia esta informação, apenas imagens da ultrassonografia gravadas num pendrive e também saber o sexo do bebê". ... Exercicio de paciência nro 1: tente entender o que se passa na cabeça de um ser desses, mas com vontade! Me senti num filme de espionagem, qdo o informante diz: "esta informação lhe custarà tantos dolares". Haha! Bom, no fim acho que ele se sentiu um tanto ridiculo (so pode) de modo que pegou uma boneca do tipo bebezinho e me mostrou como meu neném estava. Mas bem rapidinho.

- passei numa feira (alias, isso ja aconteceu em mais de uma feira) e vi lindas bergamotas, conhecidas aqui por "clementines", pensei: "vou levar algumas". Então entrei na loja, peguei um dos sacos e ao lado do feirante começei a escolher as minhas, não esquecendo, claro, do "bonjour" ao rapaz junto com um pequeno sorriso. Logo em seguida, levei uma bronca! "Madame, vc não pode escolher, eu escolho!" E como o saco ja continha algumas, ele perguntou: "qtas mais vc quer?" Levei alguns segundos pra responder, não havia me programado para: comer 2 hoje, amanhã terei vontade de comer mais umas 3, somando com essas, humm, vejamos, quero mais 3! Não, 2! Foi então que disse: "mais 3" e o bocò as adicionou ao meu pacote. ... Exercicio de paciência nro 2: compreenda que deve haver alguma razão pra essa atitude, reflita e quem sabe se chegue à alguma conclusão. Chegando ao caixa, vi que as que ele havia adicionado estavam meio podres, então deixei uma na cesta dos alhos e outra junto às cebolas. So por desaforo!

- minha amiga Karina é uma moça formada em universidade francesa, fluente em 4 idiomas e com boa experiência na àrea de turismo. Pois bem, ela arrumou um trampo numa empresa de receptivo em Paris, ok, sentiu-se contente pois estava trabalhando, afinal a crise aqui ainda "ta pegando". Então ela atendia muitos turistas dos mais diversos lugares e vendia os passeios da melhor forma: falando na lingua que eles mais compreendiam, dentre estas: inglês, espanhol ou português, além do francês, claro. Os brasileiros ficavam particularmente felizes ao comprar um pacote com ela, afinal, ela é brasileira e sabe como é, brasileiro adora encontrar um conterrâneo em suas viagens de lazer. Ocorre que Karina levou um baita pito da colega mais antiga na empresa pq ela estava falando muito português com os brasileiros. Segundo a fulana, Karina deveria fazer com que os brasileiros tentassem falar francês ou senão, partissem para o espanhol. What??? ... Exercicio de paciência nro 3: compreenda que as pessoas são inseguras e acham q vc pode estar falando delas ou conspirando algum plano, talvez maligno. As vezes podem até ter tido infâncias dificeis, ou sofrem de paranoia, mas deixe-as pra la, elas ja sofrem sozinhas. A Karina não trabalha mais la, por essa e outras parecidas.

- no aniversario do meu marido saimos para jantar e em seguida tomar um drink num bar, desses que tem mesinhas na rua. O lugar estava cheio, mas conseguimos lugar numa dessas mesinhas da rua, legal! Escolhemos nossas bebidas e vendo que a garçonete estava numa correria so, se dirigindo para dentro do bar, meu marido perguntou para ela se ela atendia ali fora também ou se ele deveria fazer o pedido no balcão. A pergunta foi simples, talvez rapida demais, mas a moça não gostou: "não gostei do modo como vc me perguntou, então não vou atender vcs, se quiserem vão até o balcão!" Como, filha??? ... Exercicio de paciência nro 4: Por mais dificil que seja, tente entender o que ha por tras de atitudes como essa: eu refleti e cheguei a conclusao de que ela iria chutar o balde e sair do emprego que odiava, por isso estava sendo malcriada com os fregueses. Eh uma, né?

Gente, ou é isso ou o pessoal aqui é... o contrario de redondo, o sinônimo de pelo pubiano, ou algo do gênero. Haja paciência!!!
Bisous et a bientôt!

3 comentários:

Fê Galdi disse...

Hahahaha....morri de rir agora com a forma de ver as coisas Mimi! Ainda acho que os franceses se acham os maiorais!

Unknown disse...

Oi!
Pelo jeito está faltando um toque de bom humor para alguns franceses ;-)
Saudades!
Beijo.

Vicky MundoAfora disse...

Essa que a Karina passou eu entendo bem. Quando trabalhava no banco em Londres um dos meus chefes me pediu para organizar alguma coisa pra ele na Itália. Ora, eu já morei na Itália, com italianos, falo italiano fluente, liguei e falei em italiano no telefone. A secretária ao meu lado ficou bufando de raiva, me chamou de exibida e que no telefone eu deveria só falar em ingles porque estava na Inglaterra. Eles do outro lado da linha que se virassem para ter alguém que soubesse ingles. Inveja pouca é bobagem!!!!