domingo, 10 de novembro de 2013

Escolhas

Oi! Faz um tempinho que não escrevo, mas hoje gostaria de falar sobre umas coisas que estão acontecendo.
Eu e meu marido estamos morando aqui no Brasil desde 2006, quando voltamos de Londres, eu após uma temporada de 3 anos e ele, para começar uma vida nova aqui, depois de 13 anos na Europa.
Nestes 2 anos que cá estamos, a adaptação não tem sido fácil. Para mim, tudo bem, sei como é viver no Brasil, com todas as dificuldades - principalmente financeiras - mas adoro morar aqui, acho mais ensolarado, mais perto da família, mais feliz. Aqui me sinto em casa, mesmo. E isso não tem preço. Mas acontece que não estou mais sozinha - sorte minha, adoro estar casada - e preciso pensar nele também. Como é difícil para um estrangeiro começar a vida por aqui. Especialmente em Floripa, minha cidade, tão linda e ao mesmo tempo tão danada. Acho que o que dizem por aí, que esta é a cidade das bruxas, pode ser verdade mesmo. Ô terrinha! Mas reconheço que talvez tenha idealizado um pouco, talvez tenha criado espectativas demais para este primeiro momento, achado que planejando, tudo teria muita chance de dar certo. Planejar é sempre bom, claro, mas e o plano B? Esqueci que se as coisas não corressem exatamente como pensei, teria que ter este escape traçado. O fato é que na vida nem sempre é fácil prever todas as possibilidades. E acho também que se adaptar é alguma coisa inerente ao ser humano, assim como pensar e mudar de idéia... então se não tínhamos como alcançar a saída principal, não faz mal, a gente sempre acha um jeito, uma segunda porta, claro. Não há nada que não se ajeite, nada sem solução - as coisas mudam.
Desse modo, achamos que deveríamos voltar para a Europa por mais um tempo. Meu marido fará um curso na área dele, para se aperfeiçoar, trabalhar ganhando mais e eu vou junto. Vamos para a França, se tudo correr bem e vou aproveitar para aprender francês. Sinto em deixar minha vida aqui, minha família, o apartamento que montamos, minhas coisas novinhas, mas faz parte. Falei no post anterior sobre o peso de ter muitas coisas, mas me referia ao que fosse demais, além, desnecessário. As coisas que juntamos ao longo da vida são importantes, sim. Nossa casa, as coisas que fazem nossa vida melhor, mais fácil, mais aconchegante. Senão também viveríamos uma vida demasiadamente descartável, onde tudo pode ser trocado, jogado fora, subtituído. Não é bem assim... Mas, enfim, não posso levar minha geladeira nova, meu fogão nem a máquina de lavar, tudo novo. Vou pensar no que será melhor fazer.
Também tenho meu trabalho, na empresa da família, que não será fácil deixar por vários motivos: primeiro, porque é minha também, apesar de ter muitas responsabilidades, tenho também algumas regalias. Depois porque é pequena, não é fácil apenas colocar outra pessoa em meu lugar, não porque eu seja insubstituível, mas porque acarreta em vários outros pontos complicadinhos... Não será fácil!
E há o fato de que eu gosto de mudar. Hoje em dia estou bem mais calma, mas há algum tempo atrás eu era muito inquieta. A gente vai amadurecendo. Ficar, esperar, rotina, ter paciência, isso tudo faz parte do processo de construir alguma coisa, acredito. Enquanto sou jovem, tudo bem, vou e volto, recomeço, mas e depois? Tem o lado prático da vida que não se pode deixar de lado, temos que morar, comer, ir ao médico, nos vestir, etc... e para tudo isso precisamos de dinheiro, né? Não quero trabalhar aos 70 anos, coisa comum pra muita gente. Então tenho que pensar lá na frente também.
Ainda temos tempo, a hora é agora, então vamos tentar! A decisão foi tomada, a idéia está sendo digerida dia a dia, as consequências, bem, temos tentado prevê-las. Estou feliz e triste ao mesmo tempo, mas certa de que a vida é isso mesmo, feita de escolhas. Até!

OBS: Post originalmente escrito em 13/06/2008, antes da mudança para a França, lugar onde fui muito feliz!

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